Notas de algumas leituras, sem pretensões de crítica literária.

Seleção de alguns poemas, com ou sem comentários.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

GAIVOTA, Maria Rosa Colaço



A autora dedica o livro a todas as crianças que,como Alfredo, são símbolo de sonho e de esperança.
Conto que narra um dia na vida de Alfredo, dito Gaivota:
«Porque me chamam Gaivota?
Está mesmo a ver-se…tenho passado entre os barcos e o Tejo, em cima deste paredão [Cacilhas], correndo e escorregando nestas pedras húmidas, mais de metade  da minha vida: às vezes, até a pele me sabe a sal.» (p. 9)[1]
Alfredo é-nos apresentado como um miúdo pobre na zona de Cacilhas. Vive ao deus-dará, fazendo de tudo um pouco, ou nada. Vive entre a raiva da sua situação e o deslumbramento da vida que o cerca.
Apesar da narração ser de terceira pessoa, passa frequentemente para o ponto de vista do próprio Gaivota, que nos interpela e é interpelado pelo narrador, em que questiona as suas memórias de um tempo mais feliz.
É a época do Natal e estamos perante uma criança desiludida, no entanto as suas reflexões produzem em nós um desejo de pensar também sobre a vida.
No final, perante a proposta de emprego como aprendiz de mecânico toda a felicidade perdida retorna, apesar da perda do pai em condições que não são explicitadas, de acossado pelo padrasto e descuidado pela mãe.
COLAÇO, Maria Rosa. GAIVOTA. Edições Nave, 1.ª ed., 1982.


[1] A alcunha vem do facto de correr sobre os pontões de braços abertos.
 


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